O papel das empresas e dos centros de negócios para a revitalização das cidades

O papel das empresas e dos centros de negócios para a revitalização das cidades
Portugal assistiu a uma mudança no conceito de economia nas cidades, levando à criação de projetos capazes de integrar largas dezenas de empresas, em edifícios preparados para receber milhares de profissionais, com as melhores condições de trabalho e, inclusivamente, de lazer.”
Após a crise económica e financeira de 2008/2011, mentalidades e vontades voltaram a mudar e procuraram as cidades, que ganharam outras dinâmicas. Embora os mais variados fatores justifiquem o abandono de parte da sua população tradicional, setores como o comércio, serviços e turismo destacaram-se. Mais recentemente, as start-ups começam a concentrar-se em hubs e similares, muitas vezes em antigas zonas industriais.
Verifica-se, pois, outra reorganização do espaço, mais pensada para as pessoas, mais integrada. A capacidade de atrair empresas de grande dimensão traz um conjunto vasto de ganhos que não é despiciendo - desde os aspetos financeiros, aos económicos, comerciais e sociais.
As cidades não são mais locais imutáveis e unidimensionais. São espaços onde é possível fruir de cultura, lazer, restauração, com acessos privilegiados à história e ao legado arquitetónico que as faz locais tão atrativos. Com isso, cresceu a vontade de viver (mesmo que nem sempre os preços sejam convidativos), e de trabalhar no seu interior, fruto de melhores redes viárias, onde o veículo privado perde importância, em detrimento de transportes públicos ou sustentáveis.
As cidades como centros de trabalho, lazer e vida
Como consequência, sente-se, também, o recrudescer do interesse pelos centros de negócios dentro de Lisboa e Porto. A sua diferenciação faz-se agora, através de novas visões de cidade, cada vez mais inteligente, focada nas novas tecnologias, em sistemas híbridos - onde o trabalho se divide entre a presença em escritório e a utilização do formato digital.
Por seu turno, verifica-se uma diminuição pela procura do conceito de escritório partilhado. Durante alguns anos, as empresas com estruturas mais leves acorreram a esses espaços, onde tantas vezes desenvolviam networking e criavam parcerias com outras estruturas, igualmente ágeis, capazes de oferecer soluções para as quais são especializadas. A pandemia quebrou esses laços, o trabalho remoto ajudou a redefinir a forma como essas interações se desenvolvem.
Ora, este conceito oferece, desde logo, um conjunto de ganhos, cruciais nos tempos que vivemos. O desenho dos espaços de acordo com a cultura das empresas é, desde logo, uma das premissas diferenciadoras. A possibilidade de ter uma organização, especializada na sua gestão, e que retire aos clientes o ónus de definir a decoração ou a integração de valências cruciais para o normal funcionamento do escritório, é outro ponto a considerar. Mas, também, a sua disponibilização 24 horas, 7 dias por semana, com todas as condições de segurança e higiene. Num momento em que o dito "trabalho em espelho" é estruturante no interior das organizações, e muitos profissionais já não se regem por um horário de trabalho das 9h00 às 18h00, cabe encontrar respostas a estas necessidades.
A localização em espaços nobres das cidades, a poucos quarteirões de zonas de restauração e lazer, com oferta de uma rede de transportes acessível e de qualidade, são premissas cada vez mais desejadas, e que ganharão maior relevância já a curto prazo.
Em Portugal, nos centros de Lisboa e Porto, há ainda muito caminho a percorrer. Mas verifica-se uma crescente procura e quota de mercado. A oferta de soluções que vão ao encontro do modus vivendi de empresas e pessoas resultará no papel decisivo dos centros de negócios para o novo pulsar e envolvência que se verifica nas grandes urbes.
Mafalda Samwell Diniz
Head of Marketing & Communication da MALEO