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O papel das empresas e dos centros de negócios para a revitalização das cidades

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O papel das empresas e dos centros de negócios para a revitalização das cidades

Portugal assistiu nos anos 90 a uma mudança no conceito de economia nas cidades. Muitas empresas fugiram aos centros urbanos, atraídas pela aposta de municípios situados próximo de Lisboa e Porto. A criação de projetos capazes de integrar largas dezenas de empresas, em edifícios preparados para receber milhares de profissionais, com as melhores condições de trabalho e, inclusivamente, de lazer, criou um panorama que fez escola durante quase três décadas.

Após a crise económica e financeira de 2008/2011, mentalidades e vontades voltaram a mudar e procuraram as cidades, que ganharam outras dinâmicas. Embora os mais variados fatores justifiquem o abandono de parte da sua população tradicional, setores como o comércio, serviços e turismo destacaram-se. Mais recentemente, as start-ups começam a concentrar-se em hubs e similares, muitas vezes em antigas zonas industriais.

Verifica-se, pois, outra reorganização do espaço, mais pensada para as pessoas, mais integrada. A capacidade de atrair empresas de grande dimensão traz um conjunto vasto de ganhos que não é despiciendo - desde os aspetos financeiros, aos económicos, comerciais e sociais.

As cidades não são mais locais imutáveis e unidimensionais. São espaços onde é possível fruir de cultura, lazer, restauração, com acessos privilegiados à história e ao legado arquitetónico que as faz locais tão atrativos. Com isso, cresceu a vontade de viver (mesmo que nem sempre os preços sejam convidativos), e de trabalhar no seu interior, fruto de melhores redes viárias, onde o veículo privado perde importância, em detrimento de transportes públicos ou sustentáveis.

As cidades como centros de trabalho, lazer e vida

Como consequência, sente-se, também, o recrudescer do interesse pelos centros de negócios dentro de Lisboa e Porto. A sua diferenciação faz-se agora, através de novas visões de cidade, cada vez mais inteligente, focada nas novas tecnologias, em sistemas híbridos - onde o trabalho se divide entre a presença em escritório e a utilização do formato digital.

Por seu turno, verifica-se uma diminuição pela procura do conceito de escritório partilhado. Durante alguns anos, as empresas com estruturas mais leves acorreram a esses espaços, onde tantas vezes desenvolviam networking e criavam parcerias com outras estruturas, igualmente ágeis, capazes de oferecer soluções para as quais são especializadas. A pandemia quebrou esses laços, o trabalho remoto ajudou a redefinir a forma como essas interações se desenvolvem.

Ora, este conceito oferece, desde logo, um conjunto de ganhos, cruciais nos tempos que vivemos. O desenho dos espaços de acordo com a cultura das empresas é, desde logo, uma das premissas diferenciadoras. A possibilidade de ter uma organização, especializada na sua gestão, e que retire aos clientes o ónus de definir a decoração ou a integração de valências cruciais para o normal funcionamento do escritório, é outro ponto a considerar. Mas, também, a sua disponibilização 24 horas, 7 dias por semana, com todas as condições de segurança e higiene. Num momento em que o dito "trabalho em espelho" é estruturante no interior das organizações, e muitos profissionais já não se regem por um horário de trabalho das 9h00 às 18h00, cabe encontrar respostas a estas necessidades.

A localização em espaços nobres das cidades, a poucos quarteirões de zonas de restauração e lazer, com oferta de uma rede de transportes acessível e de qualidade, são premissas cada vez mais desejadas, e que ganharão maior relevância já a curto prazo.

Em Portugal, nos centros de Lisboa e Porto, há ainda muito caminho a percorrer. Mas verifica-se uma crescente procura e quota de mercado. A oferta de soluções que vão ao encontro do modus vivendi de empresas e pessoas resultará no papel decisivo dos centros de negócios para o novo pulsar e envolvência que se verifica nas grandes urbes.

Mafalda Samwell Diniz
Head of Marketing & Communication da MALEO

In Dinheiro Vivo

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